domingo, junho 20

Também eu tenho de partir...

Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e nao responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar.
E mesmo que a voz nos trema por dentro, há que faze-la sair firme e serena, e mesmo que se ouça o coração bater desordenadamente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar...esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória, o desejo, a saudade, a vontade.
Às vezes é preciso dizer o que se sabe que é errado, aquilo que se teme dizer, aquilo que vai ca dentro e depois arrumar a casa e a cabeça, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro é bom e afinal já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e rezar a um deus qualquer que nos dê força e serenidade. Pensar que o tempo está a nosso favor, que o destino e as circunstancias se encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação ténue e suave num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que uma nova vida virá.
Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais é ficar, permanecer, investir, amar. Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho, e mesmo que nao haja caminho porque o caminho se faz a andar...o sol o vento o ceu e o cheiro do mar sao os nossos guias, a certeza que fizemos bem e que nao podia ser de outra maneira....e o que tiver de ser depois, será....agora também eu irei partir