terça-feira, julho 29

extremissimo cansaço....issimo issimo cansaço

Leva-me contigo na palma da tua mão
que eu já nao consigo pisar mais este chão,
leva-me para longe que eu nao consigo andar...

aprender....

às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e a não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esqueçer o coração, dizer tudo o que se tem a dizer, nao ter medo de dizer nao, nao esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que nao restem dúvidas.
às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. às vezes é preciso saber renunciar, nao aceitar, nao cooperar, nao ouvir nem contemporizar, nao pedir nem dar, nao aceitar nem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silencio, paz e sossego sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo que o que mais queiramos seja ficar, permanecer, construir, investir, amar. MRP

Gosto!


Gosto do teu ar, do teu olhar, da tua forma de andar, das tuas mãos guardadas nas minhas, gosto de te cheirar, de te sentir, de me calar para te ouvir e de me deitar ao teu lado para dormir. Gosto da tua boca certa e do teu cabelo farto, dos teus beijos longos e dos teus abraços infinitos, das tuas piadas e risadas, dos teus braços à volta dos meus, das duas cabeças encostadas e dos pés juntos. Gosto do teu halito fresco e do teu sorriso aberto, da tua cabeça arejada e do teu olhar mais secreto. Gosto de te ver a rir e a brincar, gosto do teu cheiro e do teu olhar...
Guarda-me em ti e espera sem esperar a cada dia que passar, que este meu amor imenso, doce e intemporar resista ao tempo, resista ao medo, resista ao mundo, resista a tudo e não precise de mais nada a não ser de ti , tu que atravessas a vida de mãos dadas comigo, tu de quem eu gosto, gosto, gosto.

MRP

Nao gosto!

Não gosto de portangens, não gosto de impostos.
Não gosto de pessoas que só querem o que não têm e quando têm o que querem, não sabem do que é que gostam. Não gosto de dúvidas nem de confusões, de meias palavras e indefinições. Não gosto de mulheres que não sabem gostar de outras mulheres, não gosto de gritos, nem de cenas, de gestos teatrais e frases dramáticas. Não gosto de ficar calada quando tenho coisas para dizer nem de ter de adivinhar o que os outros não conseguem explicar. Não gosto de praias sujas e águas turvas, de bairros de lata e condomínios de luxo. Não gosto dos filmes do sylvester Stallone, nao gosto do pavilhão atlântico, não gosto de música techno, e sobretudo, não gosto que me dêem música. Não gosto de histórias mal contadas nem de livros que não chegam ao fim. Não gosto de não poder acreditar nas outras pessoas, não gosto de voltar atrás e ainda menos que voltem atrás comigo. Não gosto de pessoas que pensam que sabem tudo e falam com arrogância. Não gosto de pessoas que fazem voz aflautada ao chefe e grossa à mulher a dias. Não gosto de pessoas que se escondem atrás de ideias feitas para julgar o que está bem e o que está mal.Não gosto de pessoas calculistas, ambiciosas e individualistas que não sabem ver mais longe que os seus interesses e o seu bem estar. Não gosto que me cortem a onda e me afastem de quem gosto; mas acima de tudo, não gosto de perder a alegria e a vontade de continuar a viver, a rir e a brincar, e a gostar do mundo e das pessoas.
MRP

Eternamente - MST


E escrevi o teu nome numa página da agenda do mês de Fevereiro. E ao escrevê-lo sabia que era uma despedida, mas todo o mês de Março nos arrastámos na despedida como caranguejos na maré vazia.......E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre , como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.
Sabes, quem nao acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos, acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogamos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.
E a tua voz ouço-a agora, vinda de longe, como o som do mar imaginado dentro de um búzio. Vejo-te através da espuma quebrada na areia das praias, num mar de setembro, com cheiro a algas e a iodo. E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente, apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Nao perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.

dias assim...

ha dias assim...dias em que por mais leve que seja a nossa existência nos sentimos pesados de tudo o que trazemos cá dentro e que teimosamente nao queremos largar...nao queremos deixar correr, deixar partir, deixar "viver"....
ha dias em que a falta de qualquer coisa que nem sabemos bem explicar o que nos sufoca até nos deixar de rastos...
dias em que, apesar de aos olhos dos outros termos tudo para sermos felizes, nao o somos...
dias em que nada faz sentido e em que nos sentimos tao perdidos....tao perdidos....
dias em que so queriamos um abraço e um olhar e é precisamente nestes dias que perguntas e mais perguntar (todas do mais superficial que há) parecem chover bem em cima de nós...
dias mais ou menos, dias sem sentido, dias nao tao maus que justifiquem a solidao devastadora que estamos a sentir e nao tao bons que acordem e nos obriguem a estar bem dispostos...enfim dias estupidos estes...

....no words


"Parado e atento à raiva do silêncio
de um relógio partido e gasto pelo tempo
estava um velho sentado num banco de um jardim
a recordar fragmentos do passado

Na telefonia tocava uma velha canção
e um jovem cantor falava da solidão
que sabes tu do canto de estar só assim
só e abandonado como um velho do jardim

Olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti para não ver
a imagem da solidão que irão viver quando forem como tu
um velho sentado no jardim

passam os dias e sentes que es um perdedor
já não consegues saber o que tem ou não valor
o teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
para dares lugar a outro no teu banco de jardim
o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao teu lado a olhar-te com desdém
sabes que eu acho que todos fogem de ti para não ver
a imagem da solidão do que irão viver
quando forem como tu
um resto de tudo o que existiu
quando forem como tu
um velho sentado no jardim..."