quarta-feira, abril 30

Tu

eu sinto os teus passos na escuridao
pressinto o teu corpo no ar aqui
e vou como se o mundo todo fosse sugado para dentro de ti e nao houvesse nada a fazer senao deixar-me ir...

pressinto os teus gestos quando nao estas
procuro os teus sonhos perdidos
e hoje mais que qualquer outra noite ha qualquer coisa que me fere e que me faz querer tanto ter-te aqui...

Cumplicidades


A noite ás vezes tao perdida
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nós
inquieta e ferida
e tudo o que era fundo fica perto

Nem sempre o chão da alma é seguro
Nem sempre o tempo cura qualuqer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
é tantas vezes o que resta do calor

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nos se sentisse nunca sozinho

Trocamos as palavras mais escondidas
Que so a noite arranca sem doer
Seremos cumplices o resto da vida
Ou talvez só até amanhecer

Fica tao facil entregar a alma
A quem nos traga um sopro do deserto
olhar onde a distancia nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto

Se eu fosse a tua pele
se tu fosses o meu ceminho
se nenhum de nos se sentisse nunca sozinho

...um vazio...


É nestes dias, em que temos o peito enrolado de tantas voltas que a vida dá que nos sentimos sozinhos...

Sentimos o peso da responsabilidade de caminharmos sós, sempre e irremediávelmente sós.

Tempos há em que não vemos nenhum caminho e sem darmos conta fomos caminhando para uma encruzilhada...vários caminhos, vários riscos...tudo a perder ou nada a perder?

O que é que temos verdadeiramente na vida que não nós próprios...tudo passa, tudo mudo...nada fica.

Comigo caminham apenas restos de tudo o que dei...

Há saudades assim...que nos sufocam, que nos roubam o sorriso e mal nos deixam viver...

Há dias assim, que temos saudades de quem está ali , mesmo ao nosso lado...dias em que queriamos apenas que aparecesse um mágico qualquer e nos levasse no tempo, até quando as estrelas eram buraquinhos por onde as pessoas entravam no céu...Dias em que tudo o que queremos é que nao nos virem do avesso nem desfaçam uma por uma cada certeza do nosso ser.

Hoje estou num dia assim...queria só que aparecesse um mágico qualquer, que me desarmasse por um dia, que me prometesse que tudo ia passar e que o meu peito se ia voltar a encher de alegria outra vez...

Hoje queria que me tirassem este escudo que trago no peito para poder rebentar tudo o que trago cá dentro...queria que qualquer coisa boa contaminasse este medo e este cansaço que nao me deixam respirar...queria lembrar-me de como se grita todas as palavras que se tráz embrenhadas em nós.

terça-feira, abril 1

Até querer voltar...(a mim)

A música que deu nome a este blog...
Para deitar cá para fora o que vai cá dentro quando deixo a alma voar, até que queira voltar a mim...


Vais pela rua
e finges que navegas
desancorado até à alma
percorres os mares do mundo

Hoje és um Rei
e finges que te entregas
ao vento e à tempestade
como se fosses um vagabundo

À aventura,
sente a maresia
e a madrugada corre,
deixa-te levar pelo vento
quente
que se cola ao teu corpo
e te embala,
sempre,
até quereres voltar...

A fantasia,
tem brilhos como as estrelas,
é morna e doce e apetece
soltá-la a voar no mundo.
Hoje és um rei na tua caravela,
a navegar num sopro de magia.

À aventura,
sente a maresia
e a madrugada corre,
deixa-te levar pelo vento
quente
que se cola ao teu corpo e te embala,
sempre,
até quereres voltar...


Mafalda Veiga